terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Oração silenciosa

Sussurro no ouvido de Deus,

Porque pequena que sou,
Admiro-me com as grandezas do mundo
Com a dor do mundo.
Sussurro no ouvido de Deus.
Sem conseguir alcançar seus mistérios.

Quando todo meu ser,
deleita o dom
de sentir a vida
com toda gama de cores existentes.
[das frias ás vibrantes]
do riso frouxo a lágrima estridente
todo antagonismo de viver.

É Deus sussurrando
de volta.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Origem do fado

Em mim tantos resquícios dela,
[Dela que germinou em seu ventre]
Então quando o fado causa arrepios

Relembro da origem desse alumbramento
Ela achava as falas do português matriacal lindas.
Envaidecida com o cantor.

Quando as partes do meu ser
tocam com o fado
foi por aprendizado sonoro.



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

MUTISMO POÉTICO

As urgências da vida
Encheram meus poros.
A palavra cá dentro
Endureceu.

Poesia em prisão de ventre

A poesia lá dentro presa.
Num estado de profunda mudez.
E sobre todas as coisas a poesia gritaria...
Estática sou quando não grito na poesia,
Não ao verso,
Não à cada letra
Não à cada ponto e virgula.

Poesia em prisão de ventre,
Sem causa nem motivo aparente.

A falta da poesia
Em mim,
Olhos abertos
e total cegueira.

domingo, 27 de junho de 2010

Feminina natureza

A poesia é pura essência,
Feminina natureza
para ser desnudada,
em certas ocasiões
por inconfundível
paciência e maestria
devorando as saliências,
a espessura, o odor
 (sim há odor na poesia)
e feminina natureza
exige em outras ocasiões,
a mão sôfrega do amante,
que adentra sem licença,
sem nenhum pudor,
num gozo cheio de completude,
poesia carnal.
poesia de feminina natureza
não pede do seu amante,
o decorar de seus versos,
se enfada destes,
(são invasivos)
de feminina natureza,
exige extremos,
da paciência que admira,
a sofreguidão que adentra,
exige uma constante,
repetição,
feita de nuances variados,
porque ela a poesia
será sempre diversa,
não importa
quantas vezes seus olhos,
suas mãos, suas narinas
seus ouvidos,
todos seus sentidos
já tenham conhecido,
seu domínio,
ela a poesia,
será sempre diversa,
como mulher desposada.
poesia,
é femina
por não ter lógica,
ser construída
assim em essência bruta,
como num sopro,
num desvario.
Carrega na essência
artigo definido de som aberto.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tratado do existir Nº 2

Entristeço como tudo na natureza,

como coisa que sou
sucumbo aos tormentos cotidianos.
Enrijeço.
Mas dentro,
é colóide.
e o pavor que em mim mora
reverbera-se
em todas as formas
há dias de estoicismo,
há dias de queda,
há dias de pranto,

se salto pra fora
assusto-me
em quantos
sou capaz de fazer,

Quando alegre,
Também sou coloidal
Fora e dentro,
e as agitações de dentro,
amplificam as cores, cheiros
sons, texturas ....

No estado de
“nem alegre, nem triste”,
É o colóide de dentro,
que torna os tormentos cotidianos
um pouco menos
claustrofóbicos.

Recosto da cabeça

E o ombro parece se projetar

além do corpo
de repente
o pequeno

aumenta
 sorrateira
sua cabeça
ocupa o buraco
que cresceu.

arrimo de gente.

terça-feira, 25 de maio de 2010

SOLIPSISMO

POEMA


                                                                     CONJUGADO

NA SINGULARIDADE

                                              DA PRIMEIRA

PESSOA.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Resposta ao trocadilho

Certos dias eu me sento na varanda,

entoa canções no violão,
e a rua toda é platéia,
creio não,
vivo constantemente cantando,
e me faz tão bem.
fazer o que? é de família.


poema de minha Bê ....
blog: http://bessantana.blogspot.com/
e tudo começou com Adélia Prado...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Trocadilho

Certas ocasiões meu pai se senta na varanda,

entoa canções no acordeon,
a rua toda é platéia,
creio;
que moro numa casa que amanhece
constantemente cantando.

domingo, 18 de abril de 2010

Gozo

Por vezes a cozinha transborda;

a cebola miudinha,
que expira no ar,
o barulho das colheres
nas panelas,
a conversação,
as coisas que espicocam no óleo,
odores gustativos,
gozo na cozinha
dominical.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Alargar de mim

O passar dos anos
corrói minha matéria,
esta que sinto com
meus dedos,
vai deixando vestígios.
Ao mesmo tempo
que alarga
o que dentro tenho,
em meus outubros
descubro certas coisas,
certos ângulos
que destemperadamente
abrem um sorriso,
ou uma lágrima,
ou não sei ao certo,
não sou eu quem controla
me surgem.

O alargamento de mim,
faz com que os
tempos
se misturem,
de forma
que em certos momentos,
as lembranças
sucumbem diante de seu peso,
é quando arrebenta
a vontade de continuar
de forma imutável
e a impossibilidade de fazê-lo,

é só o alargamento em mim,
que me faz muda
,diante das circunstâncias
previsíveis e incompreensíveis,
a todos homens e mulheres.

Crisálida ao contrário

O frágil inseto vibrava
suas
asinhas

as rajadas
tilintavam
em meus
ouvidos.

me apiedei
da incansável
tentativa de fuga
através
do vidro.

Do que me pinto

Estes vermelhos
que me pintam
são parte
da volúpia,
em si
sacrossanta.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Fadigamento

                               Á Carlos Drummond de Andrade, em O peso do mundo
Existem dias de cansaço puro
o peso do mundo ele
todo nos ombros
que já em estado de resignação
adquiriram esta curvatura
tempos de sequidão,
de se sentar atrás da mesa
e comodamente
“tecer o árduo trabalho”
porque em absoluto
é a fatia maior
das horas,
e o pouco que
sobra
se reduz
a fadiga
improdutiva.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Parasitagem ao reverso

(para Henrique Vitorino)

A sua poesia
maleável
toda feita
de dobras
exercício
de quem
esculpe
a palavra
o verso
expõe
o poema
ele mesmo
ao máximo
de sua resistência.
um eu - lírico
múltiplo
de natureza.

O leitor
move
gira
penetra
nas
facetas
e
reentrâncias
poéticas.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Tratado do existir

Só sei existir quando me parto,

para enfim ser possível transfigurar
só sei existir quando parte de mim,
es ca pa a a a
sublima a a a

Em estado de sublimação,
sou livre.

Uma coletânea

O Desacanhamento poético virou um pequeno ebook... tentei organizar a produção ao longo desses dez anos! É algo pequeno, mas uma forma de ...