sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Sobre ler e apreender

(Para Giorge Bessoni)

Quando você me diz que tenho muitas recorrências
quase sempre sobre a incompletude e a inadequação,
há aí um desnudamento,
uma compreensão sobre coisas que me fundam.

como pode escrever ser tão paradoxal?
lhe digo que é um ato-segredo
quase sempre uma forma de me organizar
em pura descompressão,
ao mesmo tempo desejo que o outro leia.
|você me apreendeu, é ainda mais raro|
Desejos entre ocultar e exibir.
Você sabe resolver esse paradoxo?

Perdoe-me se às vezes lotei seu aplicativo
de mensagens,
meu desejo de descompressão em certas ocasiões é incontrolável.
|posso ser muito cansativa|
Quando você dedica seu tempo para essas linhas,
|quando cada vez temos menos tempo|
lança seu olhar e dá novos sentidos,
o que por um momento foi um ato-segredo,
passa a ser seu,
ganha vida em você.

E por que poesia?
Já me perguntei tantas vezes isso,
parece que poesia comporta melhor o ato-ânsia de expurgo,
o instantâneo é tão familiar para a poesia.

Quando você me apreende,
é sempre algo entre abismo e provocação.

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