O tempo tem atropelado
o corpo e a consciência
sinto falta da minha ignorância temporal,
em criança eu tinha um alargador de tempo
agora adulto com urgência
vejo que o perdi junto com
tudo que havia no faz-de-conta.
Os segundos
minutos,
horas,
semanas
meses
anos
escoam então
cada vez
mais
li-gei-ros
na ampulheta.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Objetos inexistentes - olfato
O olho olha,
A máquina rouba o olhar,
registra-o para além do tempo.
O nariz cheira,
Onde estão meus frascos de cheiros perdidos?
Memória olfativa.
Inspiro o mundo
Expiro o mundo
pra dentro das buretas.
A máquina rouba o olhar,
registra-o para além do tempo.
O nariz cheira,
Onde estão meus frascos de cheiros perdidos?
Memória olfativa.
Inspiro o mundo
Expiro o mundo
pra dentro das buretas.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Lição de culinária – empadão goiano
Dentro ali da cozinha,
os odores fumegantes
nas panelas.
Alegria quente,
Alumbramento no mistério
de abrir a massa
(de farinha e água)
Forrar a forminha
(já de família)
rechear.
Alegria quente
Quando a mesa posta.
Agradecimento silencioso.
os odores fumegantes
nas panelas.
Alegria quente,
Alumbramento no mistério
de abrir a massa
(de farinha e água)
Forrar a forminha
(já de família)
rechear.
Alegria quente
Quando a mesa posta.
Agradecimento silencioso.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
As coisas que não pintei
“Oh, meu Deus”
No cansaço
Este silêncio cheio de tijolos.
Escapo por entre a fenda,
me dá pena não pintar
seriam azuis os girassóis.
Atravesso a fenda,
me canso de ser onipotente
no pequeno quarto.
Fico escutando borburinhos.
No cansaço
Este silêncio cheio de tijolos.
Escapo por entre a fenda,
me dá pena não pintar
seriam azuis os girassóis.
Atravesso a fenda,
me canso de ser onipotente
no pequeno quarto.
Fico escutando borburinhos.
Lentes oculares
Poesia é coisa de dentro,
é sempre de pronome reflexivo,
prosa?
corre do lado de fora
usa binóculo.
Ainda uso somente óculos.
é sempre de pronome reflexivo,
prosa?
corre do lado de fora
usa binóculo.
Ainda uso somente óculos.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Pequena crônica poética - anúncio mortuário
(da vigilante igreja)
Os alto-falantes amplificam
a sentença da mortalidade humana,
perturbo-me,
porque parte de mim compreende a finitude,
e a outra parte,
se cala perante o medo da dor.
Os alto-falantes amplificam
a sentença da mortalidade humana,
perturbo-me,
porque parte de mim compreende a finitude,
e a outra parte,
se cala perante o medo da dor.
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