É fato estou em crise em um
estado balzaquiano. Então alguém faz pular essa data de aniversário por gentileza. E o calendário a sacar
sarcástico, suas folhinhas, se desnudando cada vez mais e ainda pisca pra mim. Lembro-me
que algum tempo atrás não me parecia sofrido fazer aniversário, quando criança
tinha tantos ciúmes (uma invejazinha admito) das fotos de festinhas de aniversário
dos meus irmãos, mas por agora desejava que o calendário não tivesse o dia fatídico.
Esse
estado ansioso de ser desponta sempre do projeto antigo de como estaria e de
como de fato me encontro, novamente esse embuste do sucesso, e eu digo, esforço
minhas lentes para ver os ângulos diferentes, mas novamente eu caio no abismo. Sabe
a foto sorridente da mulher linda, extremamente realizada na profissão,
eficiente nos seus diversos papéis havia uma crença que eu seria ela. Essa
busca de atingir os altos patamares de exigência que ao final nem são meus, me põem
em estado de uma busca eterna tão exaustiva e sem sentido.
A
mulher sorridente, ciente de sua eficácia, se desmancha no ar. Talvez seja bom,
ela não sou eu, espero que a nova foto saia mais leve, sem amarras e mais
verdadeira.
Encontrei
Elizabeth Bishop, foi reconfortante saber que sua natureza titubeante também
mergulhou nesse mar profundo da busca do sentido de viver.
“ Incapaz de
definir o que fazer de si mesma, decidiu pegar um navio e simplesmente ir indo
mar afora, sem destino certo. Só. Já que só estava.
Durante a
viagem, fechada em sua cabina, perguntava-se o que queria da vida afinal.
Tinha 40 anos.
Queria
escrever. Queria ganhar dinheiro. Queria ter amigos. Queria acreditar que o
amor pudesse a voltar a acontecer em sua vida.” ( Flores raras e banalíssimas.
A história de Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop)