tag:blogger.com,1999:blog-29789408770908172212023-11-15T22:58:54.983-08:00desacanhamento poéticoRaquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.comBlogger143125tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-30251022370631092792019-05-02T13:51:00.000-07:002019-05-02T13:54:48.855-07:00Uma coletânea<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfib_xXaVbO3vP2VxbehseC1d4NZXeiv5f2MlNvTkkkYfhIrQO-EYf8oY5e7dchAMkBEOKxUDdQJUHVes8KCZUTxd5kI0tiMZmc7BqHQLZb_VdDmeS71xYvw3zX4ysw5rIxlTARwCZ20M/s1600/projeto-+blogB.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1135" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfib_xXaVbO3vP2VxbehseC1d4NZXeiv5f2MlNvTkkkYfhIrQO-EYf8oY5e7dchAMkBEOKxUDdQJUHVes8KCZUTxd5kI0tiMZmc7BqHQLZb_VdDmeS71xYvw3zX4ysw5rIxlTARwCZ20M/s320/projeto-+blogB.jpg" width="226" /></a></div>
O Desacanhamento poético virou um pequeno ebook... tentei organizar a produção ao longo desses dez anos! É algo pequeno, mas uma forma de valorizar esse espaço que tanto me deu!<br />
<br />
<a href="http://https//www.amazon.com.br/dp/B07RBF8MXW/ref=cm_sw_r_fa_dp_U_WYTYCbCC3TP4F?fbclid=IwAR22M_Es19zj0q4nVxdvC9fSdyeYsWPlfP-AIykoC4V09P0TGT2xizJuf-c"></a><a href="https://www.amazon.com.br/dp/B07RBF8MXW/ref=cm_sw_r_fa_dp_U_WYTYCbCC3TP4F?fbclid=IwAR22M_Es19zj0q4nVxdvC9fSdyeYsWPlfP-AIykoC4V09P0TGT2xizJuf-c">https://www.amazon.com.br/dp/B07RBF8MXW/ref=cm_sw_r_fa_dp_U_WYTYCbCC3TP4F?fbclid=IwAR22M_Es19zj0q4nVxdvC9fSdyeYsWPlfP-AIykoC4V09P0TGT2xizJuf-c</a>Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-41674090153176712312019-04-24T12:50:00.001-07:002019-04-24T12:51:06.738-07:00Pequena crônica poética – cidade natalO tempo muda<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
pessoas,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
coisas,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
cidades. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Ao atravessar o tempo,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
guardamos várias cidades natais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Podemos até desejar esquecer,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
mas elas seguem com a gente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Quando voltamos, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
a cidade diante dos olhos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
é outra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Não sabemos bem, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
o que mudou,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
às vezes, sabemos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
É assim como um estranhamento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Há delicados fios,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
que nos prendem nas cidades natais,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
enquanto existir um, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
haverá pelo que retornar.<o:p></o:p></div>
<br />Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-46429097634425370232019-04-18T10:48:00.001-07:002019-04-18T10:48:42.521-07:00Van Gogh, pegou nas minhas mãos<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Alguns dias atrás fui em uma
livraria, mexi aleatoriamente em alguns livros. Acho bom imaginar que são os
livros me encontram, como se dissessem: vem aqui eu tenho algo para contar. Sendo
assim, foi Van Gogh que pegou nas minhas mãos. O livro traz as cartas destinadas
ao seu irmão Théo, passei os olhos nas primeiras linhas e como um desenho Vicent
tomou forma em mim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sai de mãos dadas com Vicent Van
Gogh. Todos os dias temos encontros marcados, não tenho pressa e por isso
percorro devagar cada carta. Não são cartas para serem lidas com atropelos, é
necessário ir criando paciência, aprender a olhar pelos olhos de Van Gogh
(1853-1891). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Como todo encontro, tudo começa
pela apresentação. Algumas páginas nos contam os aspectos gerais desse pintor,
onde nasceu, quem eram seus pais e irmãos, a amizade com o irmão mais novo
Theodore o “Théo”, as paixões amorosas e as desilusões. Conhecemos Van Gogh aos
dezesseis anos, cujo primeiro trabalho foi na Casa Groupil (1869), galeria de
arte, era um empregado modelo. Quatro anos mais tarde ao encontrar o irmão
Théo, o percebe como um jovem de quinze anos e ao mesmo tempo maduro, foi
depois dessa visita que iniciaram a troca de correspondência interrupta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A vida do jovem Van Gogh poderia
ter sido tranquila, mas ele se apaixona aos 21 anos por Úrsula, filha da dona
da pensão onde morava, que não aceitou o pedido de casamento. Esse acontecimento
desencadeou uma profunda mudança no jovem, ele passou a questionar o sentido da
vida. A crise afetou seu desempenho profissional e por isso foi despedido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Uma ideia começou a se formar em
sua cabeça, ser pintor. Seria loucura? E as contas? Um dilema ainda hoje tão
atual, seguir a vocação ou pagar as contas? O jovem Van Gogh compreendendo as
dificuldades de se educar na arte optou, por ser pastor, em diversas cartas
podemos ver o olhar religioso de Van Gogh. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
E quando não nos adaptamos às escolhas
que fazemos? Seja em 1877 ou 2019, essa é outra questão atual, às vezes tentamos
com toda a energia fazer dar certo, entretanto, nem sempre o êxito é possível. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Van Gogh tentou de 1877 a 1878, fazer dar
certo, mas não se adaptou à Universidade. Resolveu então ser missionário entre
os pobres mineiros de Borinage, em sua carta datada de 15 de novembro de 1878,
é possível ver o quanto a vida desses operários toca profundamente Van Gogh e
ele contou ao seu irmão sobre uma reunião, em que comentou um texto bíblico: <o:p></o:p></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify; text-indent: 0cm;">
E foi com atenção que me escutaram,
quando eu tentei descrever o aspecto desse macedônio sedento pelo consolo do
Evangelho e pelo conhecimento do único Deus verdadeiro. E sobre como deveríamos
imaginá-lo como sendo um operário com feições de dor, de sofrimento e de fadiga,
sem nenhuma aparência de beleza, mas com uma alma imortal ávida de alimento que
não perece, especialmente a palavra de Deus. E sobre como Jesus Cristo, é o
mestre, que pode fortalecer, consolar e aliviar um operário que tem a vida
dura, porque ele próprio é o grande homem de dor, que conhece suas enfermidades,
que foi chamado ele próprio de carpinteiro, embora fosse o filho de Deus, que
trabalhou trinta anos numa humilde oficina de carpintaria para cumprir a
vontade de Deus, e Deus quer que, imitando Cristo, o homem leve uma vida
humilde sobre a Terra, não aspirando coisas elevadas, mas dobrando-se à
humildade, aprendendo no Evangelho a ser doce e humilde de coração.</blockquote>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E novamente mesmo com
todo empenho, não conseguiu empreender sua missão. Ele estava sem trabalho, sem
dinheiro e já não podia voltar para sua casa. Sua subsistência vinha de seu
irmão Théo. Nesse ponto, Van Gogh, me dá sua mão, eu me sinto perdida junto com
ele. Você pode ter todas as palavras e guias de autoajuda, não há nada que te
prepare para um momento de fracasso e de se sentir absolutamente sem direção em
sua vida. Você pode imaginar, tudo pelo qual você dedicou energia dar errado? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Se recordam daquele germe de
ideia, ser pintor. Na verdade, as cartas de Van Gogh demonstram que esse desejo
profundo esteve sempre ali, é uma pena que a edição da L&PM Pocket não seja
colorida, em algumas cartas ele enviou esboços que são incríveis<a href="file:///C:/RAQUEL/RAQUEL-2019/CONTEUDO%20LINKEDIN/van%20gogh.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Ele retomou sua vocação e em julho de 1880 escreveu ao seu irmão uma das cartas
mais tocantes, na qual relata suas angústias e a dificuldade de reconquistar a
confiança de sua família:<o:p></o:p></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-indent: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 0cm;">E por isto que antes de mais nada, sou
levado a crer, seja vantajoso, e mais razoável, que eu vá embora e me mantenha
a uma distância conveniente, que eu faça como se não existisse.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 0cm;">O que para os pássaros é a muda, a época
em que trocam de plumagem a adversidade ou infortúnio, os tempos difíceis, são
para nós, seres humanos. Podemos permanecer neste tempo de muda, também podemos
deixa-lo como que renovados, mas de qualquer forma isto não se faz em público,
é pouco divertido, e por isto convém eclipsar-se. Pois seja.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 0cm;">Agora, por mais que reconquistar a
confiança de toda uma família, talvez não totalmente desprovida de preconceitos
e outras qualidades igualmente honoráveis e elegantes, seja de uma dificuldade
mais ou menos desesperadora, eu ainda tenho algumas esperanças de que pouco a
pouco, lenta e seguramente, a cordial compreensão seja restabelecida com uns e
outros.</span></div>
</blockquote>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ao analisar suas condições de
vida, futuro e estado financeiro concluiu que lhe faltava mais do que tinha. Aos
olhos de sua família suas quedas significavam não fazer nada. Ele se propôs ser
pintor e estudar, mesmo que longe do espaço formal das universidades e assim explicou
ao seu irmão:<o:p></o:p></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-indent: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 0cm;">Talvez você diga: mas por que você não
continuou como gostaríamos que continuasse, pelo caminho da universidade? Não
responderei mais do que isso: é muito caro; e ademais este futuro não seria
melhor do que o de agora, no caminho em que estou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 0cm;">Mas no caminho em que estou devo
continuar – se eu não fizer nada, se não estudar, se não procurar mais, então
estarei perdido. Então, ai de mim.</span></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
<b style="text-indent: 0cm;">Eis
como eu vejo a coisa: continuar, continuar, isso é que é necessário.</b></div>
</b><div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: 0cm;">Mas qual é o seu objetivo definitivo?,
você me perguntara. Este objetivo torna-se mais definido, desenhar-se-á lenta e
seguramente como o croqui que se torna esboço e o esboço que se torna quadro, à
medida que se trabalhe mais e seriamente, que se aprofunde mais a ideia, no
início vaga, o primeiro pensamento fugidio e passageiros, a menos que o fixemos.</span></div>
</blockquote>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="citao" style="text-indent: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Van Gogh, me dá de novo suas mãos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ficamos aqui de mãos dadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Como disse, essas cartas são para serem lidas devagar, às
vezes, é preciso consultar uma cidade, olhar o nome de um pintor no Glossário
de Nomes Próprios, pode dar vontade de pesquisar algumas imagens, pode ser
também que você volte na introdução para contextualizar a data de alguma
correspondência com o período da vida de Vicent. Dê tempo, exercite a
paciência. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.35pt;">
Dessa carta em diante o que se seguiu foi um comprometimento
absoluto com o aprendizado da pintura. Ele diz: “O desenho é uma luta dura e
diária”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É sobre o desenho essa
constatação, mas é válida para qualquer aprendizado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Tive vontade de ver as respostas de Théo, só o vejo através
dos olhos de Vicent. Essa também é a história de dois irmãos ligados profundamente,
se abrir por meio da palavra de maneira tão sincera, não é possível em uma
relação superficial. Essa relação de amizade nos deixou como legado a obra
artística de Van Gogh, assim relembramos que sem apoio e confiança de alguém é
impossível seguir adiante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Ainda caminhamos de mãos dadas Vicent e eu. Ainda há coisas
que preciso ouvir. <o:p></o:p></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/RAQUEL/RAQUEL-2019/CONTEUDO%20LINKEDIN/van%20gogh.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Nesse
site você pode olhar a correspondência entre os irmãos e ainda ver as cores dos
desenhos de Van Gogh. Recomendo marcar as cartas e depois consultar no site. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText">
Disponível em: <<a href="http://vangoghletters.org/vg/with_sketches.html">http://vangoghletters.org/vg/with_sketches.html</a>>.
Acesso em: 18 abr. 2019.<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<br />Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-89484700340546693332019-04-15T07:10:00.002-07:002019-04-15T07:13:14.414-07:00Pequena crônica poética – a cidade de dois riosEssa é uma cidade estranha,<br />
às vezes pergunto<br />
se eu passo pelas ruas<br />
ou as ruas passam por mim?<br />
ou será que passamos uma pela outra?<br />
<br />
Sendo uma cidade de atravessar<br />
foi preciso construir o minúsculo espaço <br />
todos os dias, em um trabalho silencioso <br />
aqui foi sobre como sermos lar <br />
um para o outro.<br />
<br />
Algumas cidades<br />
desorganizam profundamente,<br />
é como perder <br />
pequenas coisas que te constituem,<br />
porque é impossível carregar o que você era para uma nova cidade.<br />
<br />
Tem sido tão longo,<br />
reorganizar uma nova forma.<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-50603820905936375152019-04-12T13:08:00.002-07:002019-04-12T13:09:30.444-07:00Quando ficamos sem diasVocê dissimula sua bondade e fé,<br />
diz ser de bem e cumpridor de seus deveres.<br />
Pode tanta bondade se reconhecer nesse espelho?<br />
<br />
Esse reflexo é seu também?<br />
<br />
Sequestraram seus sentidos?<br />
Por que não consegue ver, ouvir e sentir?<br />
Sequestraram a palavra?<br />
As palavras não significam mais?<br />
Sem palavras, como construir um futuro?<br />
<br />
Como quebrar esse espelho?<br />
<br />
Isso nunca foi sobre divergências,<br />
Isso sempre foi, sobre revolver a maldade que espreita dentro de nós. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-72078517908061144052019-04-09T06:01:00.002-07:002019-04-09T06:01:40.371-07:00Encapsular poesiaTem dias de ficar assim,<br />
chovida por dentro,<br />
umas águas me brotam.<br />
<br />
um tanto salgadas,<br />
outro tanto adocicadas.<br />
<br />
quando chovida<br />
encapsulo poesia.<br />
não sei como se deu,<br />
mas se deu quando fui pegando uns instantes,<br />
umas coisas que me zuniam na cabeça,<br />
umas dores,<br />
uns risos,<br />
fui amassando, apertando<br />
até caber na poesia.<br />
<br />
Guardo tudo em uns vidrinhos brilhantes,<br />
é bonito de olhar,<br />
vez em quando dou uns de presente. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-9910010092980262892019-04-08T05:57:00.002-07:002019-04-08T05:57:16.067-07:00Isso que nos habitaO que nos habita?<br />
Alma, consciência?<br />
esse infinito mistério.<br />
<br />
Mistério cheio de fragilidades. <br />
<br />
Tão tênue, isso que nos prende. <br />
<br />
Isso que é<br />
Entre matéria, impulsos, reações químicas<br />
Isso que às vezes fica tão pesado,<br />
consegue sentir?<br />
é solitário carregar nosso peso. <br />
<br />
Isso que nem sei definir o que é,<br />
Isso<br />
que às vezes é leve e eterno,<br />
aquele instante em que despertos<br />
conseguimos ver de verdade<br />
a beleza de tantas formas de vida.<br />
<br />
Não sei explicar isso,<br />
de que bastam segundos<br />
para não mais estar aqui.<br />
Não sei explicar o depois. <br />
Mas quero esperar que seja leve e eterno. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-64995601822425156012019-03-09T05:59:00.001-08:002019-03-09T06:04:50.628-08:00O ou a instrumentista<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Em frente ao escritório tem 40
janelas perfiladas, correspondem a 20 apartamentos, são aproximadamente 80
vizinhos. Suas vidas me chegam através dos entremeios de janelas e cortinas.
Não posso conter aquilo que chega até mim, em alguns casos sei até sem querer em
outros até gosto das pequenas rotinas. Escapes de vida que me chegam sem nunca
se mostrar totalmente. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tantas pessoas e
insisto em me sentir só. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Essa semana estava olhando pela
janela e comecei a ouvir um som de violino. Durante dois dias seguidos, minha
vizinha ou vizinho, me presenteia com música. É um som delicado, tenho me
esforçado para identificar a janela, em qual das 40 habita o ou a
instrumentista? Será que está começando a aprender agora? Quais músicas ouve?
Por que toca somente à noite? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Nunca vejo seu rosto<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por mais que me pendure na janela. Como posso
perder uma única pessoa em meio a 40 janelas? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Sou sua ouvinte secreta, serei a
única? É provável que toque em seu quarto, talvez você pense que ninguém pode
te ouvir, talvez deseje quem ouça. Tocar deve ser como escrever, um misto
paradoxal entre fazer, desejar e mostrar. Talvez mostrar seja para fazer as
coisas existirem no outro, mas depois somos soterrados pela vergonha e
escondemos porque parece bobo e sem sentido. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas tocar é mais sublime, de certo modo deve
ter sido a primeira forma de expressão humana tendo nosso como instrumento.
Umas palmas, uns assobios, uns pés no chão e vozes já produzem sons incríveis. Quem
toca deve ficar um pouco mais perto do sagrado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Eu não sei nada sobre você, mas
de certo modo tenho compartilhado um momento tão privado. Não posso evitar,
música é transportada pelo vento. Se eu soubesse tocar poderia responder, então
chegaria na janela com meu saxofone, um blues triste ia soar. Aí você ouviria,
provavelmente sairia à janela e envergonhados sorriríamos. No dia seguinte nos
esbarraríamos na portaria, um silêncio constrangedor se abateria sobre nós até
um dos dois dizer – Nossa como você toca bem! Talvez com o seguir dos dias até
atravessaríamos a garagem, visitas seriam frequentes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Cordas e sopro fazem uma boa
dupla? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mas eu não toco, minhas
habilidades musicais são muito reduzidas. Me ocorreu que não saber um
instrumento me impediu de fazer amizade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Será que você se moveria por uma caixinha de música?<o:p></o:p></div>
<br />Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-72003511927208175772019-03-01T06:47:00.000-08:002019-03-01T12:32:03.896-08:00O reflexo <blockquote>Em que espelho ficou perdida a minha face? Retrato - Cecília Meireles</blockquote><br />
Virgínia abre os olhos, oscila entre o desejo de dormir algumas horas e a necessidade de levantar. Mas não há tempo, o dia será cheio de reuniões, lentamente se levanta e espreguiça o corpo, lutando contra o sono. Segui para o banheiro, alivia a vontade de fazer xixi, abre a torneira e a água cai por sobre sua pele. Começar o dia sem o banho era impensável para ela, era seu pequeno ritual, lavar os cabelos, sentir o perfume do sabonete, o barulho da água, aquele breve momento feito de puro instante. <br />
<br />
Ao sair do banheiro envolta no robe, já devidamente acordada, exalando um cheiro suave dos produtos que passaram pela sua pele. Caminha até a cozinha para preparar o café. Enquanto a água ferve, checa alguns e-mails, o café da manhã é a largada para o dia, costuma alternar as preparações dos alimentos com o adiantamento de pequenas tarefas. Quando tudo fica pronto se senta na mesa para comer, Virgínia confere a agenda do dia, seriam três reuniões importantes para definir as estratégias de defesa. <br />
<br />
A última etapa da manhã consiste em escolher a roupa, em anos de profissão havia aprendido o impacto da vestimenta no fechamento de contratos. Desliza suas mãos de unhas bem cuidadas por entre suas roupas. Escolhe uma saia de corte justo ao corpo, uma blusinha e um blazer. <br />
<br />
Ela vai para frente do espelho e se posiciona como de costume para se vestir, gostava de ver a roupa em seu corpo. Vestir de fato uma roupa de fato exige aprender a atitude certa, era através do espelho que as desenvolvia. Então quando olha para o espelho para ver como estava, simplesmente não se enxerga. Virgínia sente o corpo desfalecer, um giro de torpor, será que havia ficado cega? Ela sai para a sala onde havia luz suficiente, mas podia ver suas mãos, a casa, seus quadros tudo, enxergava também se posicionasse seus olhos os contornos de seu rosto. <br />
<br />
Virgínia sente uma onda invadindo seu corpo, tenta respirar profundamente, havia lido que respirar assim acalmava em momentos de ansiedade. Ela vai ao banheiro e se posiciona em frente ao espelho, fecha os olhos desejando firmemente que tudo tenha acabado. Ao abrir novamente não consegue ver seu reflexo, havia sumido, mas como se seu corpo ainda estava ali?<br />
<br />
E se tentasse tirar uma selfie? Sim aí poderia se ver, corre para o celular, configura e ao fazer a foto, vira a tela e novamente cadê seu rosto? <br />
<br />
Apalpa seu corpo, estava tudo lá, olha a casa e consegue enxergar perfeitamente. Estaria em surto? Mas a agenda, os compromissos do dia, tudo demonstrando sua sanidade mental. Como poderia ter perdido seu reflexo? <br />
<br />
Ainda uma vez toca seu corpo para confirmar sua existência. Decide ir para o trabalho, fez as três reuniões, quem a via nem imaginava a perturbação em que se encontrava. Durante algumas vezes ao ir sozinha no banheiro, e se olhar no espelho, Virgínia chorava por ter perdido seu reflexo. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-39354799395030529402019-02-21T07:56:00.001-08:002019-02-27T09:42:52.059-08:00O que é que tem na casa?Deixo aqui um pequeno brinquedo poético, podem baixar e utilizar desde que citem corretamente a autoria!<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFJnNEfLuvfeWo8WnSFl6y35NoC7jdaZm4ZxSHRNLaNXFm-hpqCt4Ird3Xw9GZrFBmzwUlbMr2wTZwsy-4OLXAWvqd3cX8KaMyQOU2P_RmkY52xouaFQ2dec8QmA2svfSUqRlEya881Sg/s1600/1.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFJnNEfLuvfeWo8WnSFl6y35NoC7jdaZm4ZxSHRNLaNXFm-hpqCt4Ird3Xw9GZrFBmzwUlbMr2wTZwsy-4OLXAWvqd3cX8KaMyQOU2P_RmkY52xouaFQ2dec8QmA2svfSUqRlEya881Sg/s320/1.jpg" width="320" height="227" data-original-width="1600" data-original-height="1134" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtJ5-SKIWsbMYP9m4fF5y9qOAgT6eT-z1PMUuJpDkBs-bHNFKf7KFEb8UtcWv6LtKuJLS6byzJAkO6ZI5Zv5398dAoYTD_3KKWtmFYH-othGN4h2o8YEor_VlZYmFzZh8-g8VryCvnphY/s1600/2.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtJ5-SKIWsbMYP9m4fF5y9qOAgT6eT-z1PMUuJpDkBs-bHNFKf7KFEb8UtcWv6LtKuJLS6byzJAkO6ZI5Zv5398dAoYTD_3KKWtmFYH-othGN4h2o8YEor_VlZYmFzZh8-g8VryCvnphY/s320/2.jpg" width="320" height="226" data-original-width="1600" data-original-height="1132" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuYaKOIGeneTR9yIGrhDNKnOIX-5HZKHxOgvA6aU-YSgPWBCfkSc4N2epWjD9d0ThXmnP3M6xmMdeYY6fb7mayd4w8TEWrYXImOYjhMxB2WJGoz3zDGCYR9VFIx-EDZRbbtY-CDjipo3g/s1600/3.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuYaKOIGeneTR9yIGrhDNKnOIX-5HZKHxOgvA6aU-YSgPWBCfkSc4N2epWjD9d0ThXmnP3M6xmMdeYY6fb7mayd4w8TEWrYXImOYjhMxB2WJGoz3zDGCYR9VFIx-EDZRbbtY-CDjipo3g/s320/3.jpg" width="320" height="226" data-original-width="1600" data-original-height="1132" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0yDdNpM_-VKsUJ-g4mBiBk3Z_z0mLZOUCkABhXuCEInPHDHQlmHVjGBIpxm3BL1bNm1wZjmfiz9Ruq6Bt-18ytJvFQJHK8ERHyzvXNDD2LHU0__f-A_uJHQnGiHQpHTsDjFV_WKQd3lo/s1600/4.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0yDdNpM_-VKsUJ-g4mBiBk3Z_z0mLZOUCkABhXuCEInPHDHQlmHVjGBIpxm3BL1bNm1wZjmfiz9Ruq6Bt-18ytJvFQJHK8ERHyzvXNDD2LHU0__f-A_uJHQnGiHQpHTsDjFV_WKQd3lo/s320/4.jpg" width="320" height="227" data-original-width="1600" data-original-height="1135" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdTevpRBHbkUhauVQfNVX47Wktcq7gAi4Y8e_qgS2T2ZYj-NWjBxLrmJCz8GB6a8NAlA2Jhz65yvFhrYX1n4YQo6R-9F39YMZxD3dSObuAPLDYSPxUC97DnnAjKoZj5ui3ZbUTb3msj34/s1600/5.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdTevpRBHbkUhauVQfNVX47Wktcq7gAi4Y8e_qgS2T2ZYj-NWjBxLrmJCz8GB6a8NAlA2Jhz65yvFhrYX1n4YQo6R-9F39YMZxD3dSObuAPLDYSPxUC97DnnAjKoZj5ui3ZbUTb3msj34/s320/5.jpg" width="320" height="227" data-original-width="1600" data-original-height="1135" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb-LmrHLoh2JZ3vxQfLlrwh2zfXP0YIpiu3kWQ1-_UTJES9QMcW5z5kDIUNOyhyIu1HaqWsk8BqEoIZcWTGNkrqfX0km3MJWgzwJ8aUro-uphvYxQeA7PDy3fOpqmm60afwcjbiALC2UM/s1600/6.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb-LmrHLoh2JZ3vxQfLlrwh2zfXP0YIpiu3kWQ1-_UTJES9QMcW5z5kDIUNOyhyIu1HaqWsk8BqEoIZcWTGNkrqfX0km3MJWgzwJ8aUro-uphvYxQeA7PDy3fOpqmm60afwcjbiALC2UM/s320/6.jpg" width="320" height="227" data-original-width="1600" data-original-height="1135" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUfypC0QAcbPyvRJowpHn8N7iMV05xCZPQEnCQL3RDAHZPtfz8OiAu6esLwEtrNej5dnQlKzC3Q0xWpNYftzem9DjANaf4VS85SDXrMc26bOsVZiR6EaPNMTfkc4AhQuIsSXZjof6B9I4/s1600/7.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUfypC0QAcbPyvRJowpHn8N7iMV05xCZPQEnCQL3RDAHZPtfz8OiAu6esLwEtrNej5dnQlKzC3Q0xWpNYftzem9DjANaf4VS85SDXrMc26bOsVZiR6EaPNMTfkc4AhQuIsSXZjof6B9I4/s320/7.jpg" width="320" height="229" data-original-width="1600" data-original-height="1147" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxumG106Up0hcFGzKhYJs4HdKTFBln31mSN1fXyMnDn_NH7hv0Sw9b4tSpYKP05gvHOowi8_r88dZVEqpcXcTj5_bYbTUoQlLn5mKjugyRJcIUw2VSbTwo_5zGjtZw2XsVl7CIFQHXu6w/s1600/8.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxumG106Up0hcFGzKhYJs4HdKTFBln31mSN1fXyMnDn_NH7hv0Sw9b4tSpYKP05gvHOowi8_r88dZVEqpcXcTj5_bYbTUoQlLn5mKjugyRJcIUw2VSbTwo_5zGjtZw2XsVl7CIFQHXu6w/s320/8.jpg" width="320" height="227" data-original-width="1600" data-original-height="1135" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK6ZFcFse2qR9a5jz25w1daTfIzJEmoyfrESaB39hEz3AfhvEoA_o5jP5zUBTbJFioMNRCJXzNoHNobJkavBF2wM-HcLyL8yLbOesdvdgblLUs5CiFa0uO1vHvWaduBYT5r1H7fRJxsWs/s1600/9.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK6ZFcFse2qR9a5jz25w1daTfIzJEmoyfrESaB39hEz3AfhvEoA_o5jP5zUBTbJFioMNRCJXzNoHNobJkavBF2wM-HcLyL8yLbOesdvdgblLUs5CiFa0uO1vHvWaduBYT5r1H7fRJxsWs/s320/9.jpg" width="320" height="227" data-original-width="1600" data-original-height="1135" /></a><blockquote><blockquote></blockquote></blockquote>Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-27762604524173818952019-02-17T16:29:00.001-08:002019-02-17T16:29:31.291-08:00Tá lá o corpo do garoto no chão.<br />
Eles viram,<br />
ou <br />
nós vimos?<br />
<br />
No meio da roda,<br />
um homem corpulento sobre <br />
um garoto franzino,<br />
não tem mais ar. <br />
<br />
algumas vozes advertiram,<br />
outros filmaram,<br />
outros se calaram.<br />
eu estava lá?<br />
<br />
Foi o Pedro Henrique,<br />
tinha dezenove anos,<br />
não é um número. <br />
<br />
nós em volta,<br />
erámos muitos contra um,<br />
erámos muitos para mudar uma história. <br />
<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-22487462171040868162019-02-15T03:34:00.002-08:002019-02-15T03:34:45.180-08:00Nada além do desejoHoje não sou nada,<br />
nada além de um corpo. <br />
Isso que me percorre<br />
da ponta de meus pés<br />
ao alto de minha cabeça<br />
<br />
Hoje não sou nada,<br />
apenas esse corpo.<br />
<br />
um corpo em pelo.<br />
estirado nos desejos.<br />
<br />
Hoje seria,<br />
quase bruto<br />
urgente. <br />
<br />
Entre teso<br />
Espasmos líquidos<br />
Hoje seria só desejo.<br />
Esse lugar sem nome. <br />
<br />
Entre a quase dor,<br />
do meu corpo se abrindo,<br />
à contração do gozo. <br />
Quase breve<br />
Quase eterno. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-67306810982529531332018-12-26T12:09:00.002-08:002018-12-27T01:14:02.347-08:00RitualPor sobre minha pele <br />
Deslizo essa base.<br />
<br />
É preciso cobrir <br />
acnes<br />
rugas<br />
olheiras<br />
cicatrizes.<br />
<br />
É possível cobrir o tempo?<br />
<br />
Não posso carregar a passagem do tempo?<br />
<br />
É preciso carregar o fardo da beleza.<br />
<br />
É preciso que eu esteja sempre insatisfeita,<br />
Me perdendo por entre imagens sensuais,<br />
entre selfies tão distantes da mulher real.<br />
<br />
Não cabe ser real no mundo?<br />
<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-57067838444217644272018-12-07T05:20:00.003-08:002018-12-07T05:20:37.108-08:00Sobre ler e apreender (Para Giorge Bessoni)<br />
<br />
Quando você me diz que tenho muitas recorrências<br />
quase sempre sobre a incompletude e a inadequação,<br />
há aí um desnudamento,<br />
uma compreensão sobre coisas que me fundam. <br />
<br />
como pode escrever ser tão paradoxal?<br />
lhe digo que é um ato-segredo <br />
quase sempre uma forma de me organizar<br />
em pura descompressão,<br />
ao mesmo tempo desejo que o outro leia. <br />
|você me apreendeu, é ainda mais raro|<br />
Desejos entre ocultar e exibir.<br />
Você sabe resolver esse paradoxo?<br />
<br />
Perdoe-me se às vezes lotei seu aplicativo<br />
de mensagens, <br />
meu desejo de descompressão em certas ocasiões é incontrolável. <br />
|posso ser muito cansativa|<br />
Quando você dedica seu tempo para essas linhas, <br />
|quando cada vez temos menos tempo| <br />
lança seu olhar e dá novos sentidos,<br />
o que por um momento foi um ato-segredo,<br />
passa a ser seu, <br />
ganha vida em você.<br />
<br />
E por que poesia?<br />
Já me perguntei tantas vezes isso,<br />
parece que poesia comporta melhor o ato-ânsia de expurgo,<br />
o instantâneo é tão familiar para a poesia.<br />
<br />
Quando você me apreende,<br />
é sempre algo entre abismo e provocação.<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-85029946214449917232018-12-05T09:50:00.002-08:002018-12-06T10:43:42.905-08:00Uma cama e dois universosMeu amor,<br />
você dorme tão rápido <br />
<br />
te olho assim em segredo,<br />
quando não consigo dormir <br />
tenho demorado cada vez mais<br />
[será a idade inversamente proporcional ao sono?]<br />
<br />
Em ato do meu pequeno segredo,<br />
sua respiração cadenciada,<br />
a barriga virada para baixo<br />
os gestos rituais. <br />
<br />
Em uma cama,<br />
Cabem tantas batalhas.<br />
Algumas de puro prazer,<br />
Outras de dor<br />
Muitas de lágrimas <br />
Uma cama<br />
Quando compartilhada <br />
é território.<br />
<br />
Em ato do meu pequeno segredo,<br />
te apreendo mas é sempre fugaz,<br />
nunca inteiro,<br />
posso te amar <br />
mas conviverei com a incompletude da minha apreensão. <br />
<br />
Veja meu bem,<br />
uma única cama<br />
cabem dois infinitos universos nesse espaço tão reduzido,<br />
insondáveis por natureza. <br />
pode que em nosso convívio eu te revele algumas galáxias,<br />
você permita minhas sondas em alguns planetas<br />
mas sempre será um mistério. <br />
<br />
Será isso algo entre desejo e maldição?<br />
<br />
Meu bem, <br />
é o dia que chega<br />
estou tão cansada. <br />
Meu corpo ficou aqui a noite toda, mas minha alma percorreu milhares de quilômetros,<br />
Seus olhos me sorriem. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-22027230715015020062018-11-24T11:10:00.003-08:002018-11-24T11:10:58.637-08:00Exercícios de se olhar nº 3Estou desabitada de mim,<br />
o corpo caminhante, oco.<br />
onde terei colocado minha alma?<br />
<br />
olhar meu próprio vazio. <br />
<br />
como esses versos que escorrem espaçados no branco da página<br />
vagarosos. <br />
é preciso tanta força para que o negro da tinta se desenhe<br />
um tanto de força e outro tanto de dor.<br />
<br />
se me imprimo no papel,<br />
é pelo desejo de me habitar. <br />
<br />
olhar meu próprio vazio. <br />
<br />
se jogar nesse abismo de si,<br />
assim como se fossem águas paradas<br />
e ser tragada, porque embaixo <br />
minhas águas são revoltas<br />
ás vezes me afogo. <br />
<br />
desejo me habitar,<br />
assim com o mesmo cuidado que esses versos foram se desenhando.<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-44793550682528401852018-11-24T11:10:00.001-08:002018-11-24T11:10:30.317-08:00Exercícios de se olhar nº 2an-si-e-da-de<br />
preciso por pausas,<br />
para te pronunciar, <br />
ainda que seja na fala exercer o controle. <br />
<br />
tudo tão rápido,<br />
você cresce, envolve o dentro e o fora.<br />
um barulho dentro,<br />
às vezes eu encontro o silêncio<br />
me escondo lá, sinto você sumindo<br />
nem sempre é assim.<br />
sou também tragada<br />
e o tempo parece suspenso<br />
quando estou lá no olho do furacão. <br />
Luto muito para sair,<br />
acho que saio porque fico sem forças<br />
aí paro de te alimentar,<br />
mas fico sempre meio quebrada.<br />
<br />
eu sei sua chegada vem sempre com sinais,<br />
se eu pressentir, você não entraRaquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-33926642611645712972018-11-24T11:03:00.002-08:002018-11-24T11:03:41.819-08:00Exercícios de se olhar – nº 1Todos os dias me vestir<br />
De mim.<br />
Por vezes não me acho.<br />
Me ponho então desnuda de mim.<br />
<br />
Face ao desnudamento <br />
Pouco posso.<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-10327124440009369942018-10-19T06:25:00.001-07:002018-10-19T20:01:49.501-07:00Hoje não tem poesia Tem sido difícil tentar explicar o óbvio. Eliane Brum nos diz que vivemos numa crise de palavras, na qual diferente do período da censura a palavra tinha o potencial de transformar a realidade e por isso era cerceada. As violências são ditas, mas nenhuma medida é tomada, em seu texto são relatados muitos exemplos de violências cotidianas: a mulher negra que pinta seu rosto com o sangue do filho morto, os fazendeiros que mataram seis indígenas incluindo um menino de doze anos em Mato Grosso do Sul, a não condenação de torturadores do período da ditadura. Nesses casos as palavras genocídio negro e indígena, tortura nada dizem. <br />
E as palavras não dizem porque como a autora reflete, não há escuta. Aqueles que são vítimas gritam, mas sua voz não encontra nenhum ouvido. <br />
Essas eleições foram isso uma crise de palavra e escuta. Em meio aos memes, as notícias falsas, ódio, violência apenas desertos foram criados, fomos ceifados do diálogo. Ouvir passa a ser apenas uma confirmação do meu desejo, contra isso nenhum argumento pode ser criado. <br />
Nesse momento em que tudo se pode dizer:<br />
“Sou capitão do Exército, minha missão é matar.” | “O erro da ditadura foi torturar e não matar.” | “No período da ditadura, deviam ter <br />
fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique.” | “Sou a favor da tortura.”<br />
<br />
“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.” | “Sou <br />
preconceituoso, com muito orgulho.”<br />
<br />
“Não te estupro porque você não merece.” | “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida.”<br />
<br />
“Pela memória do Coronel Alberto Brilhante Ulstra”<br />
<br />
“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”<br />
<br />
“O afrodescente mais leve de lá, pesava 7 arrobas e não fazem nada. Eu acho que nem para procriadores servem mais.”<br />
<br />
“ Não vai ter um centímetro demarcado para terra indígena ou quilombola.”<br />
<br />
Tortura, preconceito, machismo, racismo pronunciadas em alto e bom som. Há aqueles que ouvem e sente-se aliviados para poderem se expressar, há aqueles que cinicamente preferem dizer que foi o único caminho possível para desmantelar a corrupção, há aqueles que não levaram a sério e em certo momento até riram, porque afinal o mundo do politicamente correto anda muito chato. Há aqueles que dizem, isso é tudo edição de vídeo e perseguição. Em todos os casos a escuta foi negada.<br />
Escrevo para tirar esse aperto no peito, por mais que estejamos numa crise da palavra e da escuta, esse é ainda o único meio possível de lutar. <br />
<br />
<br />
* Lúcia Skromov fala sobre a tortura que ela sofreu nesse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=S7w9nT-C1E0. <br />
Mas pode ser que dada a crise de escuta, as pessoas preferem ignorar.<br />
<br />
** Textos da Eliane Brum<br />
“O ódio deitou no meu divã”<br />
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/10/politica/1539207771_563062.html<br />
<br />
O golpe e os golpeados<br />
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/20/opinion/1466431465_758346.html<br />
<br />
Como resistir em tempos brutos<br />
Um manual para enfrentar as próximas três semanas e transformar luto em verbo<br />
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/08/opinion/1539019640_653931.html<br />
<br />
*** Precisamos escutar Bolsonaro<br />
https://karinakuschnir.wordpress.com/<br />
<br />
Algumas frases do candidato foram retiradas desse texto e tomei a liberdade de inserir mais algumas através de vídeos facilmente encontrados <br />
em uma busca no Youtube<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-90024387744330129622018-07-18T13:45:00.000-07:002018-07-18T13:45:52.505-07:00Trovinha celesteMoro numa cidade<br />
onde a noite entra no dia <br />
abruptamente.<br />
Eu tenho saudades<br />
do entremeio do pôr do sol,<br />
a noite come o dia devagarinho,<br />
com sutileza<br />
misturando suas cores,<br />
até serem um só<br />
de gozo o céu pode se espipocar<br />
em brancas estrelas. Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-30163883780479577642018-06-18T15:05:00.001-07:002018-06-18T15:05:03.656-07:00Pílula poética - assepsiaAssim suspensa no silêncio da casa me movo,<br />
e meus pós acumulados pelos anos <br />
como aspirar?<br />
[alguém aspira? – eu só sei inspirar]<br />
Minhas mãos percorrem os cômodos <br />
tudo tão limpo,<br />
irrompo num desejo <br />
de estado de sítio<br />
[Cortázar].<br />
Dos dias que se sucedem. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-72975485497894147612018-06-06T13:06:00.001-07:002018-06-06T13:11:10.741-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAFJHpTqmvFwZtj9bdwI4JQjauJDqQQegx2D5ug1j9T2DX6RCzUuWNOhh2L6NMNnZpuZTY1-Hwwve0H-0RSNiUiQKSKAnp7NDG6Cq0IlE5oTr9DxWTcU-vRbEhUZArtrGZS5wKMsal2xo/s1600/poema-visual.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAFJHpTqmvFwZtj9bdwI4JQjauJDqQQegx2D5ug1j9T2DX6RCzUuWNOhh2L6NMNnZpuZTY1-Hwwve0H-0RSNiUiQKSKAnp7NDG6Cq0IlE5oTr9DxWTcU-vRbEhUZArtrGZS5wKMsal2xo/s200/poema-visual.jpg" width="200" height="113" data-original-width="1280" data-original-height="720" /></a><br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-24767700781144752072018-05-25T14:10:00.003-07:002018-05-25T14:10:59.892-07:00Ofício de mestranda <br />
Hoje fim de mais um dia de trabalho na escrita da dissertação. É difícil me sentir existindo num texto tão duro – regras de formatação, regras de citação, revisão bibliográfica, pode ser que eu tenha esquecido alguma. Agora estou me dando ao luxo de escrever sem nenhum objetivo previamente estabelecido, é mesmo um luxo quando se passa tanto tempo atento às normatizações que se existem para padronizar o trabalho científico ao mesmo tempo tornam todo o processo extremamente rígido. Na maioria do tempo o sinto como uma roupa de festa, bonita aos olhos e desconfortável ao corpo.<br />
<br />
Sim lidar com a escrita causa dores físicas, muito tempo sentado, olhos fixos na tela e uma enorme sozinhez. Todo o processo é seu, coletar dados, produzir as análises, organizar o que vai ser escrito, tem muito de silêncio e solidão. É fácil criar alguns monstros em meio a isso, eu já senti vários crescendo em mim. Alguns eu até conseguir matar um pouquinho, mas eles sempre retornam. As vezes duvido muito do que pode resultar de todo esse monólogo já que produção de conhecimento para mim sempre esteve ligada a ideia de compartilhar, trocar enfim de estar com o outro. Podem me dizer: mas Raquel, você está dialogando com muitos autores, pode ser, mas de fato essa produção textual quase monástica tem sido motivo de sofrimento e na medida que entendo o conhecimento como algo ligado ao movimento, ao compartilhamento duvido muito do que sigo produzindo.<br />
<br />
Para alguém que exercitava a palavra apenas por diversão, em textos curtos, tem sido um enorme desafio produzir laudas e mais laudas. Mas talvez de fato deveríamos refletir sobre as regras de costura dessa escrita dita acadêmica, científica de alguma forma afrouxar as costuras para nos permitir existir mais. Dar forma aos sentimentos talvez seja um jeito de começar a rever nossas vestes textuais. <br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-68434336300188037312018-04-06T12:15:00.003-07:002018-04-06T12:15:33.711-07:00Dois encontros Tem gente que não gosta de andar de ônibus. É coisa que exige um certo tipo de espírito que se joga no desconhecido. Por alguns instantes, horas ou até mesmo dias há tantos trajetos, um espaço de tempo no qual nada se controla. Qualquer pessoa pode se sentar ao seu lado e compartilhar o apoio de braço. <br />
Nesses momentos em que compartilhar com o outro espaços urbanos se coloca como um grande desafio, uma simples viagem de ônibus ensina muito a diversidade e o respeito. Há sempre o que aprender se estivermos com o olhar atento. <br />
Andar de ônibus é espreitar o encontro. Nem todo encontro é feliz. O breve momento do compartilhar as poltronas lado a lado, a linguagem corporal as falas não ditas, o olhar, o ignorar, as frases sobre o tempo, tudo são falas. <br />
Algum tempo atrás um andarilho se sentou ao meu lado. Não trocamos uma palavra, tantas coisas se passaram. Dois mundos se tocando nos estreitos limites das poltronas. Primeiro foi o medo que percorreu meu corpo por todos os poros, os pelos do braço, arrepio, um jato que vai da cabeça aos pés. Aos poucos esse jato ia diminuindo sua força, mas primeiro eu tive que dar vazão nesse sentimento.<br />
Fui enxergando meu companheiro de viagem, um homem alto com um saco preto, estava escuro e pouco pude ver de suas feições. Ele também tinha seus códigos e desviava o olhar para a paisagem da janela. Seguimos compartilhando o silêncio. <br />
Na nossa frente havia um homem que nos encarava, sentia suas pupilas se movendo de um lado ao outro. De alguma forma eu sentia suas interrogações, como se perguntasse por que eu estava sentada ali? Era tão insistente seu olhar. <br />
Fiquei pensando qual seria a história do meu companheiro de viagem? Por onde andou? Para onde seguiria? Meu ponto chegou. Tempo de descer, em casa permaneci pensando no meu companheiro de viagem, duas histórias que se tocaram por breves instantes.<br />
Outra fila, nova viagem. Atrás de mim uma jovem. Não lembro ao certo o motivo de começarmos a conversar o certo foi que sentamos juntas. Foi em uma semana difícil que se deu nosso encontro, semana de perdas e que nenhuma palavra pode expressar a brutalidade das mortes de Anderson e Marielle. Duas estranhas que compartilhavam do mesmo espanto.<br />
No meio da viagem entra um pastor suas falas ecoam, alguns prestam atenção, outros desviam seu olhar, há tantas formas de se ausentar. Ao meu lado minha companheira para nossa conversa e direciona seu olhar para o pastor e se põe a ouvir. Confesso que já tinha visto as mesmas falas mas a forma que a jovem olhou e ouviu as falas foi tão respeitosa, recolhi-me no meu silêncio. <br />
Em um dado momento olhei para minha companheira, as lágrimas que corriam na sua face. Meu desconcerto e só pude perguntar: precisa de alguma coisa? Não, não foi a resposta. Adiante o pastor perguntou se podia dar um abraço em minha companheira de viagem, vi um abraço entre dois estranhos. Algumas mudanças ocorreriam na vida de minha companheira de viagem, acho que era Natália seu nome (ou seria Gabriela), ela se senta e me olha com aqueles olhos sensíveis e me pergunta: você acredita nisso?<br />
Soube pouco dessa pergunta tão difícil. Mas respondo com todo meu coração: às vezes as respostas vem de lugares inesperados. <br />
Provavelmente não encontrei novamente meus companheiros de viagem. Mas ambos permanecerão em minhas lembranças. Novas viagens virão.<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2978940877090817221.post-52163500104040298172018-03-14T21:01:00.005-07:002018-03-14T21:13:56.236-07:00Sobre cabelos Sabe coisas que se multiplicam sem você perceber? Ocorreu comigo e sei acontece com todo mundo, um verdadeiro clichê na vida de todo ser humano. Mas como todo clichê sempre achamos que saberemos o que fazer, bem até acontecer com você. Nesse momento vemos que nada vale experiência acumulada pela humanidade, apesar das muitas fórmulas parece que nenhuma lhe serve. <br />
<br />
Ocorreu que esses dias me enxerguei no espelho, quando na maioria das vezes eu só me olho. Então percebi o tempo inscrevendo suas marcas em mim, umas rugas nascendo timidamente, algumas manchas. Até que chegando bem perto do espelho meus cabelos refletiram uma cor diferente, abri uma mecha: estava toda branca, não me lembro o momento em que aumentaram tanto. Estavam tão evidentes, diria que esses fios estavam até felizes com a possibilidade de um dia serem dominantes. Imagine tenho que começar a me despedir dessa cor castanha que me vestiu durante toda a minha vida. Houve fases em que tive umas faixas naturais mais claras, o sol refletia bonito nelas. Nunca mudei minha cor no máximo algumas luzes bem discretas, talvez por uma certa preguiça, mas mais por raiva das raízes, aqueles centímetros de cor diferente me deixariam em um estado de agonia, só de pensar eu desistia de pintar. Se fosse mais animada gostaria de ser ruiva por um tempo. <br />
<br />
Os primeiros sinais acho que são vistos primeiro pelos outros, pode ser também porque perceber a passagem do tempo em si mesmo de fato não é uma experiência indolor. Enquanto enxergava meu reflexo no espelho me lembrei de algumas situações interessantes. Há tempos atrás estava no salão arrumando essas mesmas madeixas quando vi uma dessas jornalistas que tinha seu cabelo natural e comentei o quanto achava bonito manter seus nascentes fios brancos e para meu assombro o cabeleireiro me disse: não sei como ela tem coragem de aparecer assim (nunca me esqueci dessa frase), fiquei tão pasma que não consegui responder. E outro recente episódio com essa categoria profissional me sugeriu sutilmente: vamos marcar um horário para por uma cor nesse cabelo? Em uma conversa com uma amiga quando falei de meus cabelos brancos ela perguntou, mas e agora o que você vai fazer? <br />
<br />
O fato é não sei o que vou fazer simplesmente porque por mais que se tente ocultar a passagem do tempo, com todos os procedimentos estéticos, essa é uma força bruta e indomável. Mas gostaria que minhas mechas brancas, rebeldes e teimosas não fossem uma questão e muito menos fosse visto como desleixo. Há muitas razões que nos levam a achar as madeixas brancas do Richard Gere bonitas não é mesmo?<br />
<br />
Por enquanto pretendo deixar o tempo ir me pintando. Enquanto me enxergava recordei um poema bonito que fala sobre os cabelos brancos, chama-se O banho de Xampu de Elizabeth Bishop que o fez enquanto lavava os cabelos de companheira Lota de Macedo Soares e diz:<br />
“No teu cabelo negro brilham estrelas<br />
cadentes, arredias.<br />
Para onde irão elas<br />
tão cedo, resolutas?<br />
- Vem, deixa eu lavá-lo, aqui nesta bacia<br />
Amassada e brilhante como a lua.”<br />
<br />
Se tenho estrelas cadentes por que desejaria apagar?<br />
Raquel Beatrizhttp://www.blogger.com/profile/08974664017081173947noreply@blogger.com0